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sábado, 14 de maio de 2011

A despolitização musical no Brasil atual

Cresce gradualmente a despolitização musical no Brasil a cada década que passa. Em meio à ditadura do Regime Militar do Brasil (1964- 85), que cerceou entre outras coisas o direito de expressão, muitos músicos ligados à MPB escreviam músicas de protesto, como a canção “Cálice”, composta por Chico Buarque e Gilberto Gil, que trazia duplo sentido através dos versos: “Pai, afasta de mim este cálice” (no trocadilho, leia-se cale-se); Noutro trecho: “De que me vale ser filho da santa? Melhor seria ser filho da outra; Outra realidade menos morta; Tanta mentira tanta força bruta”. Do mesmo modo Geraldo Vandré e sua “Pra não Dizer que não Falei das Flores”, atiçou os ditadores com seus dizeres libertários. Na mesma linha o mestre Caetano Veloso criou a canção “É Proibido Proibir", cujo título fala por si só. Eram tempos de protesto e de lutas pela conquista de direitos como a democracia e a liberdade de expressão.
Na reta final da Ditadura Militar, em 1982, algumas bandas de rock and roll nacional se firmaram no cenário musical com músicas sociais e reivindicatórias, como o grupo Capital Inicial, de Brasília. Obras como “Fátima” e “Até quando esperar” refletiam crises existenciais e econômicas que questionavam o fanatismo religioso e a má distribuição de renda do País. Porém nos últimos anos a banda curiosamente despolitizou suas letras, passando a criar baladas românticas simples e adaptadas aos shows “pops”, sendo rotulada na atualidade como uma banda comum de pop rock, restrita a reprodução de músicas de amor.
Outro grupo surgido neste mesmo ano (1982) e que lançou em 1985 o primeiro de muitos discos foi a Legião Urbana, também de Brasília. Com músicas extremamente politizadas, criticando diversos aspectos da sociedade brasileira. Faixas como “Geração Coca-Cola", “Eduardo e Mônica”, e “Índios” fizeram sucesso nos anos 80 e 90.
Nota-se que a partir dos anos 80 as únicas bandas nacionais que continuaram a fazer músicas de protesto foram ínfimas, certas canções dos cariocas de O Rappa, ou dos gaúchos do Engenheiros do Hawaii, tem impacto social e filosófico, mas talvez essas sejam as únicas bandas populares de expressão nacional que ainda escrevam músicas politizadas. As novas bandas de rock trazem apenas letras sobre amor, festas, paixões impossíveis e temas afins, sem se preocupar com questões sociais de maior relevância. Se o rock, uma escola artística que tem uma estrada histórica de protesto, vem se direcionando a tal modelo, nem se faz necessário comentar o que cantam outros ritmos, como funk, pagode, ou a música sertaneja. Há grupos de rap e Heavy metal que sempre manteram e ainda trabalham uma postura crítica, porém estes nunca saem do cenário alternativo, permanecendo à margem da grande massa dos ouvintes brasileiros.
O que se pode notar é uma despolitização em massa da juventude brasileira de classe média, dos filhos e filhas daqueles que ajudaram a derrubar a Ditadura Militar no passado, e que nos devolveram a valiosa liberdade de expressão. Liberdade aparentemente tão banal e corriqueira hoje em dia, mas que parece estar abandonada à própria sorte.

O futebol e a (des) igualdade social

Fazer uma crítica a esse esporte morando justamente no país do futebol é quase um sacrilégio, mas se faz necessário, em nome de uma maior conscientização do senso comum nacional. 
Vejo como antagônicas as duas palavras do título: futebol/igualdade social; há uma discrepância muito grande entre as duas realidades. 
Se analisarmos o salário de um jogador titular de qualquer um dos 20 maiores clubes de futebol do Brasil (nem vou falar em campeonato Europeu, japonês ou árabe) ficaremos espantados com os salários surreais que iremos encontrar. Há jogadores em clubes do eixo- Rio/São Paulo que chegam a ganhar 1 milhão de reais mês, ao passo que um balconista, vendedor de loja, ou qualquer outro cargo de trabalhador comum, recebe o vencimento básico de um salário mínimo, que não passa atualmente de R$510,00. Se algum dos leitores desse texto tem uma vaga ideia do que significa a cifra de 1 milhão de reais, vai ter uma noção melhor do que estou dizendo. Cansei de assistir reportagens onde a mídia fazia parecer que “pobres” jogadores em processo de transferência de seus passes, não queriam abandonar os clubes nacionais e a torcida, mas eram “obrigados” a ir para a Europa em busca de alguns meros milhões de euros para tentar uma melhor “oportunidade de vida”... Bando de mercenários! Não sei o que é pior, atletas que abaixo de valores milionários conseguem apoio de jornalistas para se fazerem de vítima, ou a parte da torcida que consegue ingenuamente se comover por causa de uma transação milionária como essa. 
Agora a reflexão: O que um atleta desses faz de tão grandioso para a humanidade? Maestria com uma bola nos pés? Dar um chapéu no adversário utilizando um drible envolvente? Caro leitor, se as empresas multinacionais patrocinadoras desses salários inumanos e surreais, se importassem realmente com a sociedade (consumidora das marcas que elas vendem), deveriam tomar vergonha na cara e abraçar alguma causa humanitária decente, como pesquisa em campos de saúde, tecnologia sustentável ou educação... Ao invés de investir milhões para ajudar a pagar salários de meia dúzia de esportistas que nem sabem por onde começar a desperdiçar suas fortunas (muitas vezes jogada fora em drogas, carros de luxo e festas nada familiares). 
Conheço vários profissionais bem-intencionados que trabalham a vida inteira numa coisa útil para a humanidade e não conseguem nem de longe acumular uma cifra parecida como essa. Professores que passam uma vida inteira tentando educar e orientar jovens crianças que serão o futuro da nação; vereadores que sacrificam horas de folga com suas famílias para fiscalizar contratos e licitações suspeitas (sim, há muitos políticos honestos e sérios neste país!); cientistas que passam a vida confinados num laboratório procurando descobrir curas para doenças, ou novos remédios mais eficientes; bombeiros e policiais que arriscam a vida quase todos os dias para garantir a segurança de quem não pode pagar; apenas para citar alguns exemplos.



Com certeza alguém pergunta se o escritor dessas linhas não assiste futebol, bem, eu acompanho e torço sim. Adoro assistir um jogo com craques da bola, tenho um “time de coração” e não perco bons jogos como os de Copa do Mundo, ou da Liga dos Campões. Não sou contra o futebol, sou sim contra a indústria milionária e injusta do futebol!
E agora, essa crônica vai ficar restrita e esse espaço, não vai sair daqui, vai ficar circulando entre meia dúzia de pensadores? Coloco minha postura quanto a isso, vou propor uma posição modelo. Decidi não gastar mais um centavo sequer com futebol, não vou mais comprar camisetas, nem produtos de clube algum, muito menos comprar ingressos para jogos. 
Visto que essa é uma boa fatia da renda dos clubes. Não vou mais compactuar com estes salários inumanos que ganham atletas que não fazem mais pela humanidade do que participar de meros jogos dentro de quatro linhas marcadas, que levam a humanidade do nada a lugar a algum. Deixo aqui uma posição, se uma boa parcela da população seguisse esse modelo, provavelmente muito em breve esses salários abusivos e escandalosos diminuiriam a um teto racional e mais justo. 
Por último uma sugestão para as multinacionais que investem os seus milhões em causas inúteis: Façam sua publicidade com causas realmente relevantes, redistribuam essas riquezas em causas nobres, para atingir quem precisa de verdade.